DISCUSSÃO BOBA DA CEIA DOS CARDEAIS
Estamos vivendo um tempo histórico em que o homem antes de engolir pensa sete vezes.
Ainda bem que é assim para a nossa igreja sair do Antigo Testamento.
Digo isto sobre o racha que, segundo um amigo meu, está havendo entre os purpurados alemães em relação aos fiéis que estão vivendo em segundas núpcias e desejam comungar.
Ponto pacífico para os tradicionalistas é que só poderão comungar se viverem "tanquam frater et soror" e, ainda assim, comungarem somente em lugares que desconheçam esse status de "fora da lei" ... para não causarem escândalo.
Analisando essa saída, não passa de uma das muitas formas de burlar uma lei...e o modo menos aconselhável para se resolver um problema vital: "crescei e multiplica-vos".
O que chama a atenção de imediato é que o problema que inabilita o fiel de comungar não é o novo vínculo contraído perante a lei civil mas "as relações sexuais". Isto não passa de um absurdo! O sexo continua tabú...mas sem ele não se pode obedecer à lei fundamental da vida.
Confessava um tal Alexandre:
- Fui solteiro, tive relações constantes com vários parceiros, sempre me confessei e sempre obtive a absolvição porque dizia que estava arrependido....e sempre comunguei sem obstáculos; agora eu sou casado na igreja, cometo adultério sempre que tenho oportunidade, confesso-me, sempre obtive a absolvição, e vou comungar ao lado da minha mulher para ela nem desconfiar das minhas traições.
- Ora, o Alexandre está todo errado, mas não causa escândalo a ninguém e ninguém tem a petulância de o retirar da fila da comunhão, nem o marido traído. Está tudo errado porque há falsidade no meio de tudo isso!
Já o caso do vizinho Geraldo, é mais simples, mas mais difícil de resolver:
- A primeira mulher dele nunca concordou com ele em terem filhos e acabou abandonando o lar devido à insistência do Geraldo em obedecer à lei do Criador de crescer e multiplicar-se. Depois que ela se casou no civil com um militar graduado, o Geraldo entrou em depressão por vários anos ....até que Deus lhe mandou aquela doçura de mulher com quem se casou no civil. Hoje a sua família já conta três lindas meninas. O Geraldo vive para a família....e durante muito tempo foi fiel à mãe de suas filhas...mas, ainda assim, não podia comungar! O padre falou que tanto ele quanto a segunda esposa tinham que viver como dois irmãos e, mesmo assim, não podiam comungar na paróquia que frequentam...para evitar escândalos!
Alexandre disse-me que Geraldo lhe confidenciou que, como não quer viver mais sem o direito a comungar, como os demais que frequentam a igreja, resolveu com a mulher viverem como dois irmãos sob o mesmo teto, mas, como ele não consegue levar vida de celibatário, acordou também com a mãe de suas filhas de cada um se relacionar sexualmente com outras pessoas, exceto um com o outro. Estes pecados, de adultério e prostituição, comuns entre solteiros e casados, os padres os absolvem sempre, mediante três pai nossos e três ave-Matias de penitência, e a recomendação não peques mais.
E o escândalo?
Quem vai acreditar que haja casais que vivam como irmãos? Nem esse é o escândalo do povo que sabe, por experiência, que quem é pai ou mãe passa a noite cuidando dos filhos, ou preocupados com eles, e, o tempo que lhes resta é pouco para dormir.
Não se escandalize. Há soluções piores para burlar leis injustas. Há quem mande matar o parceiro!
...e acaba casando legalmente! Há também casais que a partir de certo tempo de casados passam a pecar por "incesto"...porque já são mais irmãos que marido e mulher!
E se nós começássemos a pensar em que Deus deu de presente ao mundo seu filho amado ....e que esse filho nos ama de tal maneira que também se nos deu de presente em comunhão para atender aos que precisam e não aos que se julgam merecedores! A comunhão deixaria de ser regulada por atos legalistas e passava a ser um gesto natural de amor também para quem a recebe. Só com mel se caçam as abelhas!
A família está em primeiro lugar... acima de fórmula canônica da celebração do casamento... e muito cima das preocupações com a atividade sexual.
O Geraldo não tem que procurar a primeira mulher, que não o amava, com a qual não teve filhos porque ela os excluiu, nem ir atrás dela para manter relações sexuais "lícitas", mas precisa de apoio espiritual para concentrar toda a sua vida na família que hoje tem: preocupar-se mais com uma boa educação para as filhas, dar bons exemplos fora e dentro de casa, e preocupar-se bem mais com a felicidade e equilíbrio da própria mãe das suas filhas com a qual vive, procurando evitar tudo que possa fazer com que abandone o lar carregando com ela as filhas. Seria um contrassenso exigir que o Geraldo volte para a primeira mulher, só por causa das relações sexuais, e deixar a mãe de suas filhas porque com esta não pode ter vida sexual. O pecado mortal seria evitado com a volta à primeira mulher ou seria cometido por provocar a desunião da família? Para julgar este "crime", nada melhor do que os filhos. Cada dos filhos troca a sua mãe por mil virgens?
Por que teimamos em valorizar tanto os atos sexuais que nem merecem vênia? No céu não existem!
No campo sexual a igreja nunca foi boa mestra. Recordo um fato na minha família em que o padre ensinou o método natural de evitar a fecundação. Todas as mulheres, que seguiram a tabelinha do padre, engravidaram.
Gente, não é possível que onde não existam tribunais eclesiásticos, ou onde existem mas não funcionam, não haja confessores com o poder de perdoar pecados, que não tenha o poder de abrir as portas da comunhão para as pessoas que têm a consciência de que seu primeiro casamento não foi abençoado por Deus.
Quem perdoa pecados é o confessor no foro interno e não o juiz no foro externo. www.paroquiasantateresinharj.com.br